sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Nós...


arrepia a simples troca de olhares; é possante o arrepio da aproximação, quando o corpo reconhece o outro, quando a atracção é como que por íman, impossível de evitar. a sensação é de que nem uma muralha de pedra entre os dois conseguiria evitar o toque. sente-se que se o chão em baixo se abrisse continuariam imunes, como que a pairar, porque o momento é singular e irrepetível, e o próprio universo impede que algo o arruíne.
como que se desmaia, pende-se para um abismo de emoções, num mundo muito diferente do qual estamos habituados. os olhos cerram-se, pede-se em pensamento para que o momento seja eterno. as mãos encontram-se, entrelaçam-se e os corpos chocam finalmente. é possível sentir-se o coração a bater por toda a parte, mas é ali, quando ele bate ao lado do outro, no mesmo compasso, que a sensação é quase de imortalidade.
quando os lábios se tocam o cérebro desliga, os ponteiros do relógio partem e ambos voam para um mundo ainda mais distante.
aquando do toque, há a sensação de que são deixadas marcas, como se as pontas dos dedos fossem ferros incandescentes. tudo ali tem a sua chama, e mesmo dentro de cada um consegue ouvir-se o trinar das guitarras, como se cada um tivesse dentro de si um solo, o que suaviza ainda mais o momento, mas que o torna também ainda mais apaixonado.
podem passar horas. pela singularidade do momento, pela paixão perigosa e sufocante, o tempo não pára mas paira como uma brisa.
os corpos nunca se largam, a paixão nunca fica em standby. tudo quanto se vive é vivido intensamente.
mas num mundo que é regido pela rotina, nenhum momento fica imortalizado nem congelado para ser vivido na sua perfeita essência. por isso tudo acaba com uma despedida, e nem aí os corpos deixam de se atrair. até à porta de saída, o toque continua a ser quem manda. os lábios tocam-se uma ultima vez e um vê partir o outro em leves passos revivendo tudo no pensamento, parte-se com a certeza de que não será aquela a ultima vez, porque tal como num encontro a paixão nunca fica em standby, numa vida, um grande amor também nunca o fica
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2 comentários:

  1. Olá, adorei o sobre nós...realmente é preciso muita sensibilidade,a importância do toque até arrepia ao ler é quase sentir!!!!

    Beijinho

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  2. Sou anónimo e não sou!!!...
    Tu sabes quem sou...
    Está espectacular e, é o espelho da tua sensibilidade.
    Força minha AMIGA, continuarei a visitar o teu sítio.
    Assim, poderei estar contigo.
    Obrigado por estes momentos que me proporcionaste.
    BEIJOS.

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